8° Ano (1° Bimestre)

 Conteúdos: Cordel, variação linguística e período composto por coordenação.


Literatura de cordel 

    A literatura de cordel é uma manifestação da cultura popular que surgiu na região Nordeste do Brasil. Trata-se de uma tradição literária que consiste na contação de histórias por meio de linguagem popular, ricos em versos com rimas e métrica. 

    Os poemas de cordel eram originalmente vendidos em feiras populares expostos pendurados em cordões, daí a origem do nome. Tradicionalmente são acompanhados pela ilustração da capa em xilogravura, técnica de impressão de imagens com madeira talhada no papel, como no exemplo abaixo:




    A métrica no poema é analisada por meio de duas considerações importantes: a contagem das sílabas poéticas e o esquema de rimas. As sílabas poéticas são contadas unindo as vogais e parando a contagem na sílaba tónica da última palavra de cada verso:

Mi¹/nha²/ ter³/ra/ tem/ pal/mei/ras 

On¹/de²/ can³/ta o/ sa/bi/á


    Em relação ao esquema de rimas, para descobrirmos, basta inserir uma letra para cada final de verso em ordem alfabética, repetindo a letra a cada repetição de som. Lembrando que verso é a linha do poema e estrofe o conjunto de versos. 


O poeta da roça


Sou fio das mata, cantô da mão grossa, A
Trabáio na roça, de inverno e de estio. B
A minha chupana é tapada de barro, C
Só fumo cigarro de páia de mío. B

Sou poeta das brenha, não faço o papé C
De argum menestré, ou errante cantô  D
Que veve vagando, com sua viola, E
Cantando, pachola, à percura de amô. D

Não tenho sabença, pois nunca estudei, F
Apenas eu sei o meu nome assiná. G
Meu pai, coitadinho! vivia sem cobre, H
E o fio do pobre não pode estudá. G

Meu verso rastêro, singelo e sem graça, I
Não entra na praça, no rico salão, J
Meu verso só entra no campo e na roça K
Nas pobre paioça, da serra ao sertão.  J

    A cada repetição de letra, há uma rima. Dessa forma identificamos que o esquema de rimas no poema "O poeta da roça" é ABCB, ou sejam são rimas intercaladas.


Variação linguística 

    A variação linguística é um conceito que se refere as mudanças que uma mesma língua pode sofrer de acordo com quatro fatores: 1. a região; 2. a passagem do tempo; 3. a classe social; 4. a situação de fala.

    1. Variação geográfica (ou diatópica):

    A variação geográfica ou diatópica está relacionada com o local em que é desenvolvida, a região em que o falante vive. Essas diferenças regionais são chamadas de regionalismo. Um exemplo de regionalismo são as diferenças entre o português do Brasil e o português de Portugal:



    2. Variação histórica (ou diacrônica):

    A variação histórica ou diacrônica ocorre com o desenvolvimento das sociedades ao longo dos séculos e anos. A língua portuguesa, assim todos os idiomas, sofreram e continuam sofrendo muitas alterações conforme o tempo passa. A forma que falamos a nossa língua hoje não é a mesma com a qual nossos bisavós falavam ou a ainda a forma como se falava o português na idade média.


 

    3. Variação social o diastrática:

    A variação social ou diastrática se desenvolve dentro de um mesmo grupo ou classe social dentro das sociedades. É a linguagem técnica, por exemplo, utilizada por cada profissão, as gírias próprias de grupos de skatistas ou gamers, ou a linguagem religiosa usada apenas dentro em templos, igrejas e terreiros. São os termos e expressões usadas por grupos específicos na sociedade.

    


    4. Variação situacional ou diafásica:

    A variação situacional ou diafásica ocorre de acordo com o contexto ou situação em que se encontra o falante. Assim como utilizamos uma roupa formal em um casamento e uma roupa informal em casa, nós também adequamos nosso jeito de falar a cada situação. Utilizando uma linguagem mais formal em momentos especiais e uma linguagem mais informal no dia a dia, cheia de expressões, gírias e contrações como "tô" no lugar de "estou" e "cê" no lugar de "você".

    A linguagem formal ou normativa respeita as normas gramaticais e evita usos de expressões populares e gírias. Já a linguagem informal ou coloquial possui desvios gramaticais e utiliza muitas gírias e expressões populares.



    Frase, oração e período 

    Os termos frase, oração e período são, geralmente, utilizados como sinônimos, entretanto, possuem diferenças conceituais.

    FRASE: é todo enunciado com sentido completo. Pode ou não conter verbo ou locução verbal.

    Ex.: Que festa animada!

    ORAÇÃO: é todo enunciado que contém verbo ou locução verbal.

    Ex.: Essa festa está animada!

    PERÍODO: é todo enunciado composto por uma oração ou mais.

    Ex.: Essa festa está animada, mas poderia estar mais.


    Observação: Locução verbal é quando usamos dois verbos para expressar uma mesma ação. As locuções verbais sempre são construídas com um verbo conjugado seguido de um verbo no infinitivo (amar, correr, partir), no gerúndio (amando, correndo, partindo) ou no particípio (amado, corrido, partido).

    Ex.: Locução com infinitivo - "Quero amar os animais".

            Locução com gerúndio - "Estamos correndo juntos toda manhã".

            Locução com particípio - "Isso já foi falado centenas de vezes".

    

    Tipos de orações 

    A relação entre as orações pode se dar de duas formas: com ou sem dependência de sentido. Por exemplo, se temos duas orações, ou seja, dois enunciados com verbo ou locução verbal em um mesmo período, as duas poderão ter uma relação de coordenação ou de subordinação.

    Orações coordenadas: as orações não dependem uma da outra para ter sentido completo. Quando sozinhas, podemos compreender a ação sem necessidade de recorrer a outra para completar o sentido.

    Ex.: Fomos ao congresso e apresentamos o artigo.

    1° oração: Fomos ao congresso.

    2° oração: apresentamos o artigo.

    Perceba como sozinhas as orações já apresentam uma informação completa. Portanto, trabalham coordenadas, sem dependerem uma da outra.


    Orações subordinadas: as orações dependem uma da outra para ter sentido completo. Quando sozinhas, não podemos as compreender completamente. Precisamos recorrer a segunda oração para completar o sentido.

     Ex.: É possível que Juliana não faça a prova.

    1° oração: É possível.

    2° oração: que Juliana não faça a prova.

    Perceba como sozinhas as orações não estão completas, não expressam a informação por completo. Observe a oração principal: "É possível." O que é possível? A conclusão dessa informação só pode ser lida na segunda oração: "que Juliana não faça a prova." Nesse caso temos uma relação de subordinação.


Tipos de período

Período simples: também chamado de "absoluto", o período simples apresenta somente 1 oração. Ou seja, contém apenas um verbo ou uma locução verbal.

    Ex.: Visitamos o museu histórico nas férias.

Período composto: o período composto apresenta mais de uma oração. Caso suas orações sejam coordenadas, nós o chamamos de "período composto por coordenação", se suas orações forem subordinadas, nós o chamamos de "período composto por subordinação".

    Ex.: Visitamos o museu histórico nas férias e vimos fósseis de dinossauros. 


Período composto por coordenação 
Orações coordenadas sindéticas

    O período composto por orações coordenadas sintéticas é aquele em que as orações são conectadas por conjunções coordenativas. As conjunções coordenativas podem ser:

Aditivas: E, nem, não só...mas também, não só... como também.

As conjunções aditivas exprimem soma, adição de pensamentos.

Adversativas: Mas, porém, contudo, entretanto, no entanto, todavia, não obstante.

As conjunções adversativas exprimem oposição, contraste, compensação de pensamentos.

Alternativas: Ou, Ou... ou, já... já, ora... ora, quer... quer, seja... seja.

As conjunções alternativas exprimem escolha de pensamentos.

Conclusivas: Logo, por isso, pois (quando vem depois do verbo), portanto, por conseguinte, assim.

As conjunções conclusivas exprimem conclusão de pensamento.

Explicativas: Que, porque, assim, pois (quando vem antes do verbo), porquanto, por conseguinte.

As conjunções explicativas exprimem razão, motivo.

    As orações coordenadas sindéticas recebem o nome de acordo com o tipo de conjunção coordenativa utilizada, podendo ser:


Orações coordenadas sindéticas aditivas:

• Ana não fala nem ouve.

• Na festa, comeu e bebeu à vontade.

• Trabalha muito, mas também se diverte.


Orações coordenadas sindéticas adversativas:

• Não fomos campeões, todavia exibimos o melhor futebol.

• Telefonei, mas ninguém atendeu.

• Tentou falar, contudo ele não quis ouvir.


Orações coordenadas sindéticas alternativas:

• Ou você vem conosco ou você não vai.

• Não viu ou fingiu que não viu.

• Ora ria, ora chorava.


Orações coordenadas sindéticas conclusivas:

• Chove bastante, portanto a colheita está garantida.

• Consegui falar com ele, pois esperei à sua porta.

• Almoçarei antes de sair, logo não ficarei com fome.


Orações coordenadas sindéticas explicativas:

• Não choveu, porque nada está molhado.

• Vem aqui, pois preciso falar com você.

• A avó disse para não comer bolo quente, que dava dor de barriga.


Orações coordenadas assindéticas 

O período composto por orações coordenadas sindéticas não possui suas orações conectadas por conjunções ou outro tipo de conectivos. No geral, as orações são separadas somente por vírgulas:

Exemplos:

• Chegamos na praia, nadamos, jogamos, comemos.

• Pegou a chave, abriu a porta, suspirou fundo.

• Não tem vontade de comer, estudar, sair.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

9° Ano (1° bimestre)

8º ano - Trabalho do 1º bimestre - O Pretuguês