9º ano - Teixeira Pombo (3º Bimestre)
Conteúdos: Artigo de opinião, debate, regência verbal e nominal, uso de crase, orações subordinadas adjetivas.
O artigo de opinião é um tipo de texto no qual podemos expressar nossas ideias e opiniões de forma que tentamos convencer o leitor a pensar da maneira que nós.
Como convencemos?
Por meio da argumentação. Argumentos são opiniões embasadas em fatos.
Características
- é um gênero textual dissertativo-argumentativo;
- a argumentação é o principal recurso retórico utilizado;
- são veiculados nos meios de comunicação em massa (televisão, jornais, internet, rádio);
- abordam temas atuais e polêmicos;
- escritor em 1ª (eu) ou 3ª (ela/ele) pessoal verbal;
- linguagem formal, simples, objetiva e subjetiva;
- possuem títulos provocativos;
- faz uso do modo verbal imperativo (quando os verbos expressam ordens);
- são assinados pelo autor.
Opinião - Celular em sala de aula: uma proibição necessária
A proibição do seu uso em sala de aula é uma medida que se harmoniza com o ambiente em que o estudante está. A sala de aula é um local de aprendizagem, onde o discente deve se esforçar ao máximo para extrair do professor os conhecimentos da matéria. Nesse contexto, o celular é um aparelho que só vem dificultar a relação ensino-aprendizagem, visto que atrapalha não só quem atende, mas todos os que estão ao seu redor.
Um estudo divulgado no mês passado pela London School of Economics mostrou que alunos de escolas da Inglaterra que baniram os smartphones melhoraram em até 14% suas notas em exames de avaliação nacional.
O aumento acontece principalmente entre estudantes com conceitos mais baixos. Na faixa etária entre 7 e 11 anos, o banimento ajudou alunos com aproveitamento abaixo de 60% nas provas. Para o resto, não mudou nada.
Segundo os autores do estudo as distrações atingem todo mundo, mas são piores em alunos com celulares. E ainda piores naqueles com notas mais baixas.
O impacto da proibição, diz especialista, é o equivalente a uma hora a mais de aula por semana. O estudo "Tecnologia, distração e desempenho de estudantes" foi feito com 130 mil alunos desde 2001, em 91 escolas de quatro cidades.
Por que banir o uso do celular? Porque ter acesso fácil ao celular faz com o que aluno tenha mais chance de distração, o que pode levar a notas mais baixas; adolescentes ainda não têm maturidade para usar nos momentos apropriados; em ambientes liberados, é muito difícil para o professor monitorar a sala toda; a distração do smartphone é muito pior do que desenhar no caderno, por exemplo, porque o aluno entra em um 'universo paralelo'.
Enfim são inúmeras as razões para proibir o uso de celular nas salas de aula. O Estado São Paulo, mais uma vez, foi pioneiro nesse assunto e aprovou a lei 12.730 de 2007, de minha autoria, que proíbe o uso de telefone celular nas escolas.
Segundo a Nielsen Ibope, atualmente 15% dos 68 milhões de usuários da internet pelo celular no Brasil têm entre 10 e 17 anos, ou seja, a maioria dos adolescentes. Sendo assim, a fiscalização do uso do aparelho deve ser feita rigorosamente nas escolas pelos professores e diretores de ensino. Mas como esses números de usuários aumentam a cada dia, o momento é de ampliar a fiscalização e cumprir a Lei.
É preciso pensar que um dos aspectos centrais localizados nas características da juventude na contemporaneidade é o uso da tecnologia como parte essencial da vida
Recentemente, o Senado Federal aprovou a proibição do uso de celular em sala de aula por estudantes da educação básica de escolas públicas e particulares, inclusive no recreio e intervalos entre as aulas. Mais ainda, a proposta proíbe o porte de celular pelos estudantes da educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental. Contudo, o texto autoriza o uso do celular em sala de aula para fins estritamente pedagógicos para toda a educação básica. Assim foi a proposta do Ministério da Educação (MEC) enviada ao Congresso Nacional.
Ora, a polêmica sobre o uso do celular em sala de aula não é nova: restrições já existem na França, nos Estados Unidos, na Finlândia, na Itália, na Espanha, em Portugal, na Holanda, no Canadá, na Suíça e no México. No meio deste ano, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) fez recomendação para banir o uso de celulares nas escolas, sob o argumento de que gera prejuízo para a concentração de estudantes. No Brasil, a restrição tem se intensificado tanto por iniciativa das próprias escolas quanto por regulamentação municipal ou estadual.
Segundo dados da TIC Educação 2023, a proibição ao uso do celular em escolas na educação infantil passou de 32% (2020) para 43% em 2023. Já para os anos finais do ensino fundamental, a cifra subiu de 10% para 21% no mesmo período. No ensino médio, a restrição foi menor, com apenas 8% do banimento para o uso do aparelho móvel.
Cabe destacar que o Poder Legislativo australiano aprovou uma lei, inédita no mundo, que proíbe crianças e adolescentes menores de 16 anos de acessarem redes sociais, como Tik Tok, Facebook e Instagram. As empresas terão um ano para implementar o bloqueio, e a plataforma que descumprir o impedimento de menores de idade ao acesso de contas arcará com multas de até US$ 50 milhões (por volta de R$ 305 milhões).
O pensador alemão Karl Marx já havia nos alertado sobre as consequências sociais do avanço tecnológico. Além da perda da importância do indivíduo que vende a sua força de trabalho e do desaparecimento da categoria sociológica do trabalhador assalariado, ele apontou o fato de a tecnologia determinar o desenvolvimento da sociedade, sem ser determinada por ela. A inteligência artificial avançou nas relações sociais e, sobretudo, nas dimensões do trabalho, ao ponto de vermos o crescimento vertiginoso de trabalhadores(as) por aplicativo com severas restrições nos direitos trabalhistas. Todavia, esse avanço não se sobrepõe à inteligência real, à criatividade, à afetividade nem às saudáveis relações humanas e sociais.
É preciso pensar que um dos aspectos centrais localizados nas características da juventude na contemporaneidade é o uso da tecnologia como parte essencial da vida. As novas gerações estão se desenvolvendo com acesso fácil a smartphones, redes sociais e internet, influenciando sua forma de se comunicar, consumir conteúdo e se relacionar. Ou seja, é fácil ver um(a) jovem usando fone de ouvido, comprando pela internet e usando aplicativos, de modo que há uma rápida aprendizagem ao uso das ferramentas e parafernálias tecnológicas. Como nós educadores(as) devemos lidar com esse fato? A tecnologia pode ser usada como recurso pedagógico? Ela mais atrapalha do que ajuda no processo de aprendizagem?
Uma coisa é certa: se ignorarmos totalmente seu uso poderemos estar perdendo um grande instrumento de trabalho. Recentemente, estudantes, em uma apresentação oral para uma aula, me surpreenderam com o uso do TikTok, animações e posts interativos de forma consciente e crítica. Há um vínculo forte com esses mecanismos, o que me faz concordar com o uso do celular em sala de aula para fins pedagógicos nos anos finais dos ensinos fundamental e médio.
Cabe, portanto, uma breve reflexão sobre o trabalho docente e o uso de materiais didáticos e pedagógicos à disposição. Primeiro, deve haver maior valorização do profissional da educação para o efetivo desenvolvimento da atuação em sala de aula com situações tão adversas. Segundo, a escola deve prover as necessidades fundamentais para o uso de equipamentos e recursos didáticos das mais variadas formas, como acesso à internet (de preferência banda larga), sala de informática, aparelhos de projeção de audiovisuais em sala de aula e formação contínua de professores(as) para o uso das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC).
*Sociólogo, mestre e doutor em sociologia pela UnB, com pós-doutorado em educação (Universidade de Londres), professor de graduação e pós-graduação na Faculdade de Educação da UnB*
Rêses, Erlando da Silva. Celular na aula - a favor ou contra o processo de aprendizagem?Correio Brasiliense. 24 de dez. 2024, 04h00.
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